Nosso post da semana passada sobre o Open Doors, projeto da Aline que consiste em dar uma nova visão sobre a necessidade do dinheiro no mundo em que vivemos, deu uma repercussão impressionante. Se você ainda não leu, clique aqui, leia pra entender e aí sim volte pra ler esse post aqui. :)
Até hoje - 13 de novembro - já foram mais de 20 mil compartilhamentos, 70 mil visualizações e centenas de comentários.
E com esses comentários, vieram muitas dúvidas, questionamentos, elogios, críticas e sugestões.
Por isso, a Aline gravou um novo vídeo, onde responde algumas dessas dúvidas e conta na prática como fez pra entrar nos países, como pedia carona, como fazia pra se alimentar, como dormia e tudo mais.
Não deixe de ver e perceba como fazer tudo aquilo que temos como objetivo é muito mais fácil do que parece!
Eu sei que eu deveria não levar tão a sério certos comentários, mas é que me chateia um pouco quando surgem algumas pessoas minando o projeto, dando umas alfinetadas sem razão e negativando o troço todo! Até gente dizendo que eu me prostitui para realizar tal viagem eu fiquei sabendo que teve(!), dá pra acreditar?!
Bom, eu respondi a muitas dessas mensagens na própria mensagem, mas conforme a notícia foi se espalhando, chegou um ponto em que eu perdi totalmente o controle e vi que os "haters" (odiadores) são inevitáveis e não serei eu quem terá o poder de extingui-los.
Porém, resolvi fazer um vídeo abordando as questões mais frequentes, referentes à minha entrada na Europa, à acomodação e alimentação. Por isso peço que o assista, mesmo sendo um tanto quando longo. Mesmo que os 11 minutos de fala, poderia ter sido resumido em 5 (risos). Mas, essa sou eu, prazer. E é por isso aliás que eu estou escrevendo um livro, ao invés de narrar as aventuras de viagem :-)
Hoje, dia de publicação desta matéria, eu acordei assustada e com um único pensamento:
"Nossa, como eu pude me equivocar dessa maneira?!"
Referia-me à uma das primeiras frases que menciono na gravação:
"...até porque não se prova que é possível viver sem dinheiro, vivendo com o dinheiro dos outros."Pensando sobre, agora, sinto-me envergonhada por tê-la dito com tamanha convicção.
Explico.Tem uma senhorinha que mora na Alemanha, com uma história de vida incrível – ela inclusive esteve no Fantástico há algum tempo atrás, talvez você se lembre.
Heidemarie Schwermer, psicoterapeuta de formação e ex professora, optou por abrir mão de todos seus bens materiais e viver somente das relações interpessoais.
Por 16 anos (e contando) ela faz o que eu fiz em 92 dias, vive sem dinheiro.
Só que a Sra. Schwermer, diferente de mim que ainda gaguejo quando sou contradita, tem a resposta na ponta da língua para qualquer alfinetada que venha receber – e ela é alvo de muitas. A mais comum, inclusive, é a que já estamos familiarizados:
"Ah, mas você só vive sem dinheiro porque há pessoas com dinheiro para te oferecer suporte."
E mesmo eu cheguei a pensar isso também, por um momento. Porém, eu tinha a certeza de que a melhor pessoa a me responder essa questão, seria a própria Heidemarie.Pois bem.
Mexi meus pauzinhos aqui e ali para conseguir um contato com ela e eis que conseguimos um encontro na cidade de Leipzig - Alemanha.
Nossa, ela é uma pessoa com uma energia tão boa, mas tão boa, que somente ao receber um sorriso dela você começa a entender como é possível viver sem dinheiro. É a tecla em que eu venho batendo sempre... o famoso "gentileza gera gentileza". Você recebe para si o que no outro projeta.
Mas, voltando à questão do viver sem dinheiro, vivendo dentro do sistema capitalista (porque há aqueles que vivem sem dinheiro, só que em vilas auto-sustentáveis, longe da cidade grande, produzindo a própria energia e cultivando os próprios alimentos), ela, muito tranquilamente respondeu minha dúvida, mesmo que eu, no fundo, já sabia da resposta, por estar vivendo o mesmo (naquele momento estava no meio da minha jornada).
O que ela faz, o que eu fiz, é colocar o dinheiro em segundo plano. Focar nas pessoas e mostrar meios alternativos de viver, sem se importar com bens materiais. Livre de pensamentos materialistas e egoístas, com valores mais fundamentados no compartilhar, no fazer o bem ao outro e aprender a receber o bem do outro, às vezes até sem oferecer algo em troca. Por que não? Cedo ou tarde você acaba retribuindo à uma outra pessoa... e é assim que a corrente vai se fortalecendo.
Ela sabe que vive com o dinheiro dos outros, e que há pessoas que insistem em ver as coisas por esse lado. Mas o que ela propõe é ir plantando aqui e ali esse conceito novo para muita gente, para que então mais e mais pessoas se juntem a fim de, num futuro, se construir, de forma natural, uma sociedade onde todos se ajudam, onde ninguém quer ter mais do que ninguém e onde as pessoas valorizem mais momentos uns com os outros.
Não adianta querer implementar um novo sistema e pronto, não é assim que funciona. O processo deve começar de dentro para fora. As pessoas devem começar a se questionar e a mudar por conta própria, a partir do primeiro contato com histórias como a da Heidemarie, a minha, e tantas outras por aí... Sim, histórias como as nossas estão em todo o lugar, só que para querer enxergá-las, você precisa querer encontrá-las.
E o que vemos é que, do jeito que a sociedade vem caminhando, o número de pessoas a se juntar a essa corrente está aumentando consideravelmente, e essas histórias, tornando-se cada vez mais comuns.
Heidemarie não quis se isolar numa eco-vila para viver sem dinheiro. Ela optou por fazer isso dentro de sua sociedade e levar o conceito adiante.E este foi um dos fatores que me fez identificar imensamente com o que ela faz: não precisar se isolar do resto do mundo para se viver uma vida livre de dinheiro. Mesmo que eu não o faça no meu dia-a-dia, eu pretendo levar esses conceitos para mais e mais pessoas, através das viagens dinheiro zero, mostrando ao mundo que, mais do que ser muito possível uma vida livre do apego material, essa vida é regada de verdadeiros valores e impagáveis experiências de vida.
A senhorinha que eu mencionei é protagonista do documentário Living Without Money, cujo trailer e informações está disponível no link fornecido.
Abaixo, algumas fotos sobre a festa da familia alemã que eu menciono no vídeo:
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